Cruzeiro no Caribe e Réveillon no Rio: ex-dirigente do Inter foi condenado a 76 anos de prisão por pagar viagens com verba do clube
21/11/2024
Pedro Affatato foi condenado por estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Defesa afirma que irá recorrer da sentença. Ex-presidente Vitorio Piffero e outras quatro pessoas foram condenadas. Pedro Affatato, ex-presidente do Inter condenado por estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa
Félix Zucco/Agência RBS
Viagens de luxo com o uso de verbas desviadas do Sport Club Internacional motivaram a condenação do ex-vice-presidente do clube Pedro Affatato. Na noite de quarta-feira (20), a Justiça definiu uma pena de 76 anos, um mês e 15 dias de prisão ao dirigente, acusado de lavagem de dinheiro, estelionato e organização criminosa.
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Além de Affatato, a Justiça condenou o ex-presidente colorado Vitorio Piffero e outras quatro pessoas pelo esquema. Os condenados deverão indenizar o Sport Club Internacional.
Todos eles podem recorrer da decisão. A advogada de Affatato, Bruna Aspar Lima, disse "que irá recorrer da sentença e, no mais, se manifestará nos autos do processo".
O processo foi julgado pelo juiz Ricardo Petry Andrade, da 2ª Vara Estadual de Processo e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro. Segundo a decisão, Affatato teria usado o dinheiro do clube para pagar um cruzeiro para o Caribe e uma viagem de Réveillon no Rio de Janeiro.
Conforme a sentença, o ex-dirigente usou "artifícios administrativos e contábeis" para pagar "um cruzeiro e da parte terrestre de viagem para o Caribe". O valor da viagem era oculto em notas fiscais enviadas aos setores contábil e financeiro do Sport Club Internacional, atestando serviços que não foram efetivamente prestados, de acordo com a Justiça.
O juiz sustentou que a manobra ocorreu "em benefício de pessoas vinculadas a Pedro" que "ocultaram e dissimularam a origem, a destinação, a propriedade e a localização" de R$ 27 mil.
Já a viagem para o Rio de Janeiro, a Justiça verificou que Affatato e cinco familiares se hospedaram em um hotel de luxo na beira da praia de Copacabana, entre 29 de dezembro de 2015 e 03 de janeiro de 2016. O ex-dirigente também participou de uma ceia de Ano Novo em outro hotel de luxo de Copacabana com oito membros da família.
A estadia no hotel custou R$ 28,4 mil ao Inter, de acordo com a Justiça. Já a ceia de Réveillon, R$ 32 mil.
Esta é a terceira sentença proferida pela Justiça sobre irregularidades no Inter durante a gestão Piffero e abrange o núcleo agência de viagens. Na primeira decisão, envolvendo o núcleo administrativo-financeiro, os dois ex-dirigentes também foram condenados à prisão. Na segunda, que julgou o núcleo jurídico, o ex-vice-presidente jurídico do Inter Marcelo Castro também foi condenado.
Os processos são oriundos da Operação Rebote, deflagrada em 2018 pelo Ministério Público, para investigar as suspeitas de irregularidades do Inter. Segundo as investigações, o esquema teria provocado um rombo de mais de R$ 13 milhões nos cofres colorados. No fim da gestão Piffero, o Internacional foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro.
Pedro Affatato e Vitorio Piffero, ex-dirigentes do Internacional
Tomás Hammes/ge
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